sexta-feira, 20 de maio de 2011

Santa Humildade, Abadessa - Festejada 22 de maio

 
      A vida desta Santa é um encantador Fioretti. É uma amostra da ação benfazeja da Cristandade. Em todas as classes sociais floresciam almas de grande candura e inocência, e cuja fé alcançava graças e milagres que nos enlevam. Que esta Santa nos alcance a virtude que lhe dá o nome e um amor a Deus igual ao seu!

 

 

 
     Em 1226, em Faenza, Itália, nasceu Rosanese Negusanti. Os seus pais eram Elimonte e Riquelda Negusanti, ambos de origem nobre. O pai, no dia do batismo, confiou a pequena a São João Evangelista. Ela foi educada segundo os costumes das famílias mais nobres.
     Quanto adolescente, Rosanese convivia com outras mocinhas suas amigas e começou a recusar as roupas ricas e pomposas. Dedicava sempre mais tempo à oração e meditava sobre a vida de Nosso Senhor Jesus Cristo. Os pais temiam que a filha os abandonasse para entrar em um mosteiro. Rosanese frequentemente ajudava os pobres; os empregados ficaram preocupados e avisaram o pai, mas este disse para eles deixarem-na fazer o bem.
     Quando Rosanese tinha apenas 15 anos o pai morreu e a mãe, para levar adiante a família, a fez desposar Ugolotto Caccianemici. Desta união nasceram dois filhos que entretanto morreram pouco depois do batismo. Esta grande dor ajudou Rosanese a entender que o seu sonho de se dedicar a Deus podia se concretizar.
     Quando o marido caiu vitima de uma grave doença, Rosanese tratou dele com grande caridade. Ele ficou milagrosamente curado e também compreendeu que a sua vida e a de sua esposa deviam ser dedicadas a Deus.
     Em 1250, com a idade de 24 anos, Rosanese entrou no convento de S. Perpétua em Faenza, e assim também fez o marido. Os dois não mais se veriam.  Rosanese e seu marido renunciaram a toda liberdade de jovens ricos e nobres, e, naquele tempo como hoje, isto era verdadeiramente difícil.
     Depois de entrar para o mosteiro, Rosanese foi muito severa consigo mesma e procurou fazer os trabalhos mais difíceis e humildes.  Era muito doce e era um prazer conversar com ela, por isso as irmãs a chamaram Irmã Humildade.
     Como era habitual, as monjas liam as Sagradas Escrituras ou a vida dos santos enquanto estavam â mesa para as refeições. Um dia as religiosas pediram que Humildade lesse. Embora nascida em uma família nobre, ela não sabia ler, porém aceitou humildemente o encargo e de sua boca saíram palavras maravilhosas que a todas enlevou.
     Uma monja lhe ensinou depois a ler e a escrever em latim, e ela começou a escrever os Sermões, que são reflexões profundas e meditações sobre a Encarnação, Redenção de Cristo, sobre a Virgem Maria e S. João Evangelista. Amiúde Humildade é retratada com uma pomba próxima à sua orelha, como símbolo da voz inspiradora de Deus.
     Uma noite, enquanto dormia, uma voz familiar a despertou e disse: "Levanta-te Irmã Humildade e me segue". Ela se vestiu rapidamente, tomou o livro de orações e surpreendentemente se encontrou sobre o muro que circunda o mosteiro.  A voz a conduziu ao mosteiro das Clarissas da Ilha de São Martinho, que se encontrava nos campos ao redor de Faenza, aonde a torrente do Marzeno conflui com o Rio Lamone.
     Na manhã seguinte, as portas de Santa Perpétua estavam fechadas, mas Humildade não foi encontrada. O prior, informado que a jovem se refugiara no outro mosteiro, a procurou e lhe perguntou como havia fugido. Humildade contou ter ultrapassado o muro: todos ficaram incrédulos e só se deram conta do milagre quando encontraram o livro de salmos sobre o muro do convento.
     Humildade pode então realizar o seu desejo de viver sozinha e completamente dedicada a oração. Para seu uso foi construída uma celazinha perto da Igreja de S. Apolinário, pertencente aos Beneditinos Vallombrosanos de S. João Gualberto († 1073), em Faenza, de onde lhe era possível seguir a Santa Missa.
     Ela permaneceu ali por doze anos, durante os quais levou uma vida de eremita alimentando-se de pão, água e ervas amargas, fazendo muitas penitências severas e jejuando. Quando alguém tinha necessidade de ajuda, podia aproximar-se de sua celazinha para obter conselhos através de uma janelinha, que era o meio de comunicação dela com o exterior.      
     Um dia, uma doninha com um guizo no pescoço entrou na cela de Humildade e passou a lhe fazer companhia nos seus anos de oração e penitência. Às vezes vemos o animalzinho representado ao pé da Santa.
     A fama de Humildade crescia entre as pessoas. Muitas jovens decidem seguir seu exemplo e para tanto pedem a construção de outras celas junto à sua. Os monges de São Apolinário perceberam que a construção de um excessivo número de celas impediria o livre acesso ao mosteiro e a igreja, e pedirem ao bispo que resolvesse o problema.
     E assim, em 1266, foi fundado o Mosteiro da Malta, com a aquiescência do bispo e dos monges, a primeira comunidade de monjas, da qual Humildade foi abadessa, e que dirigiria até 1281. Humildade dirigia sua comunidade de treze religiosas com serenidade. Entre elas a Irmã Margarida lhe era muito próxima.
     Quinze anos se passaram. Um dia Humildade ouviu a voz de São João Evangelista que lhe pedia para dirigir-se a Florença para fundar ali um novo mosteiro. Não fazendo seu protetor repetir o pedido, partiu logo, deixando o mosteiro de Faenza aos cuidados de uma das irmãs. Não foi uma viagem fácil: 100 km a pé e no dorso de um jumento entre os incômodos do Apeninos.
     O abade geral de Vallombrosa comunicou oficialmente a Humildade a sua aprovação, e ela fundou o Mosteiro de São João Evangelista. No dia 14 de março de 1282, o Bispo de Fiesole abençoou a primeira pedra da igreja.
     Certo dia, quando Humildade recolhia pedras nas proximidades da torrente Mugnone, duas mulheres entraram na cidade: uma delas levava uma criança em seus braços, a qual parecia muito doente, precisa muito de atendimento médico. De repente, o pequeno morre. As mulheres choram. Humildade, vendo o pequeno morto, recordou-se de seus dois filhinhos. Tomou a criança nos braços e a colocou aos pés do quadro de e S. João Evangelista. Imediatamente o pequeno acordou do sono profundo da morte.     
     Em um mês de agosto muito quente, Humildade estava acamada, com uma febre altíssima. Desejou portanto um pouco de gelo, mas naquela estação era impossível  encontrá-lo. Pediu às irmãs de retirá-lo do poço. As irmãs obedeceram, embora pensassem que seu pedido era fruto da febre alta...  Quando puxaram o balde, ele estava cheio de gelo!
     Em 13 de dezembro de 1309, uma grave doença lhe tolheu a palavra e a imobilizou para sempre. Margarida assumiu o posto de Humildade e foi encarregada de levar a bom termo os trabalhos do mosteiro. Faltava o pão tanto para as monjas como para os operários.  Novamente o milagre: o pão bastou para dez dias e o dinheiro crescia no caixa do convento.
     Santa Humildade morreu como Jesus, numa sexta-feira às três horas da tarde. Era o dia 22 de maio de 1310. A Santa tinha 86 anos.
     Também no dia de seu funeral continuaram a acontecer fatos. Havia um monge que há tempo não celebrava a Missa por causa de um braço completamente imobilizado. O monge tocou o corpo de Humildade e o seu braço recobrou força e vida.  Uma senhora chegou tarde ao funeral: a monja já estava sepultada.  A senhora, que sofria de uma grave doença, se ajoelhou junto ao túmulo. Quando se levantou estava completamente curada.
     Depois de sua morte, as monjas se dirigiam com freqüência ao túmulo de sua fundadora para rezar. Um dia viram óleo sobre a pedra do sepulcro. Pensavam fosse um engano de quem se ocupava da custódia e da limpeza do túmulo.  Mas o fenômeno continuou e não podia ser sempre culpa do sacristão!
     Quando completou um ano de sua morte, o Bispo de Florença mandou remover a lápide para procurar uma explicação para o fenômeno do óleo... e encontraram o corpo de Santa Humildade intacto!
     As monjas que continuaram sua obra permaneceram no Mosteiro da Malta até 1500. Mais tarde um novo mosteiro foi construído na Via Pascoli (onde ainda hoje é a Igreja de Santa Humildade, um belíssimo barroco faentino). Ali as monjas ficaram até 1883.
     Em 1888, se transferiram para Via Bondiolo, onde ainda se encontram, trabalhando em seu nome seja no mosteiro, seja na atividade apostólica na escola e no acolhimento. Na continuidade da tradição cultural beneditina, as monjas se dedicaram logo à educação e formação das jovens e podemos encontrar crônicas nos arquivos que documentam esta atividade desde 1400.


O Mosteiro atualmente

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