quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Santa Clara de Assis - Festejada 11 de agosto

     Santa Clara de Assis nasceu em 11 de julho de 1193. Pouco antes de seu nascimento sua mãe, Hortolana, estava rezando quando ouviu uma voz que dizia: "Mulher, não tenhas medo, porque darás à luz quem iluminará o mundo com suas chamas". Foi esta a razão pela qual recebeu o nome de Clara, aquela que resplandece.
     Teve a educação de seu tempo e de sua classe social: conhecimentos de leitura e escrita, trabalhos de agulha, em que era primorosa, direção da vida doméstica. Desde pequena, não contente com dar aos pobres o supérfluo, privava-se do necessário para os socorrer. De temperamento sensível, sedento de beleza moral, buscava sempre o melhor, não se contentando em cumprir a meias os seus deveres.
     Quando tinha cerca de 18 anos, Clara ouviu Francisco pregar os sermões da Quaresma na Igreja de São Jorge, em Assis. As palavras dele inflamaram seu coração. Ela também desejava viver "segundo a maneira do santo Evangelho". Acompanhada de Bona, uma amiga íntima, procurou Francisco para escutá-lo e passou a freqüentar a capela da Porciúncula.
     No Domingo de Ramos, dia 18 de março de 1212, Clara vai à Missa rica e belamente vestida. Seria a última vez que veriam a nobre jovem, pois naquela noite ela se tornaria uma Dama Pobre. À noite, quando todos dormiam, a jovem fugiu da casa de seu pai pelo portão dos mortos, passagem que havia nos palácios para a saída dos féretros, e percorreu uma milha fora da cidade, até chegar à Porciúncula, onde foi recebida com muita festa pelos irmãos franciscanos.
     Ali se desfez das vestes elegantes e São Francisco lhe cortou os cabelos. Em seguida, deu-lhe o hábito da penitência: uma túnica amarrada por uma corda e um par de tamancos de madeira. Clara fez os três votos: pobreza, obediência e castidade.
Claustro do Mosteiro de S. Damião
     Ao darem conta da fuga de Clara, os familiares a procuram. Quando souberam onde se encontrava, vão buscá-la enfurecidos, mas não puderam demovê-la de seu propósito.
     Como São Francisco não tinha ainda local designado para sua discípula, Clara permaneceu alguns dias no Mosteiro de São Paulo; depois, algumas semanas no Mosteiro Beneditino de Panzo. Por fim, recolheu-se a São Damião, que fora restaurado pelo próprio São Francisco, onde ficou até sua morte em 1253. Dezesseis dias depois Inês, sua irmã, a seguiria na vocação, e mais tarde a mãe, Hortolana.
     Logo o Convento de São Damião se tornou conhecido e diversas jovens vão se juntar à virtuosa Clara. Ficaram conhecidas como as Damas Pobres, ou Clarissas. Em pouco tempo, havia mosteiros em diversas localidades da Itália, França, Alemanha. Inês, filha do rei da Boêmia, fundou um convento em Praga, ela mesma tomou o hábito e hoje é conhecida como Santa Inês de Praga.
     Clara e sua comunidade praticavam austeridades tais como: não usavam meias, sapatos, ou qualquer outra proteção para os pés; dormiam no chão, a cama era um monte de ramos de videira; observavam a abstinência completa de carnes; e falavam apenas quando obrigadas pela necessidade e pela caridade. Clara aconselhava o silêncio como meio para evitar os pecados da língua e para conservar a mente sempre concentrada em Deus.
     Clara jejuava tanto, que Francisco teve de obrigá-la a não passar um dia sequer sem comer ao menos um pedaço de pão. Mais tarde ela escreveria para sua discípula, Inês da Boêmia: "Nossos corpos não são feitos de bronze e nossas forças não são iguais à da pedra; por isso vos imploro, no Senhor, que vos abstenhais desse rigor excessivo da abstinência que praticais".
     Em 1228, o Papa lhe concedeu o "Privilégio da Pobreza". Na Cúria romana, onde privilégios de títulos, propriedades, honrarias eram solicitados, causou espanto alguém pedir o privilégio de ser pobre. São Francisco sabia que qualquer exceção à regra da pobreza desencadearia sua negação. E Clara, como sua fiel discípula, insistiria a vida toda nesse ponto. Ela própria redigiu a Regra para suas religiosas, que se baseava no que ela aprendera com São Francisco.
     Apesar de sua humildade, São Francisco reconhecia a grande admiração que Clara e as outras Irmãs tinham por ele como seu Fundador. Para evitar qualquer tipo de dependência e para deixá-las totalmente livres dele, passou a visitá-las cada vez mais raramente. As Irmãs sofriam com sua ausência e alguns frades acharam que isso era falta de caridade, mas São Francisco disse: "No futuro não deve haver nenhum intermediário entre Cristo e as Irmãs". Clara gostava de se denominar "a plantinha do bem-aventurado pai Francisco".
     Clara nunca saiu do Convento de São Damião. Designada superiora por São Francisco, ela dirigiu o convento durante 40 anos. Sempre quis ser serva de todas: servia à mesa, assistia às que estivessem doentes, era submissa a todas; costumava beijar os pés das Irmãs que regressavam do trabalho de esmolar. Enquanto as irmãs descansavam, ela ficava em oração, da qual saía com o semblante iluminado. Falava com tanto fervor, que chegava a inflamar os que ouviam a sua voz.
     A exemplo de São Francisco, era profundamente devota do Santíssimo Sacramento e da Paixão de Nosso Senhor. Mesmo quando estava doente e acamada - e esteve doente nos últimos 27 anos de vida -, fazia belos corporais e toalhas para o altar, que distribuía pelas igrejas de Assis. Ela exigia que suas Irmãs nunca estivessem ociosas: quando não estavam ocupadas nos exercícios de piedade, deviam ter sempre algo com que se ocupar.
     Seu primeiro milagre, ainda em vida, demonstra sua grande fé. Conta-se que uma das Irmãs havia saído para pedir esmolas para os pobres que iam ao mosteiro. Como não conseguiu quase nada, voltou desanimada e foi consolada por Santa Clara: "Confia em Deus!" Quando a santa se afastou, a Irmã foi pegar o embrulho que trouxera e não agüentou mais levantá-lo: tudo havia se multiplicado.
     Em outra ocasião, quando da invasão de Assis pelos sarracenos, Santa Clara enfrentou os invasores: levantou-se do leito de doente, mandou trazerem o cálice com hóstias consagradas e foi ao encontro deles dizendo que Jesus Cristo era mais forte do que eles. Os agressores, tomados de repente por inexplicável pânico, fugiram. Por causa deste milagre, Santa Clara é às vezes representada segurando um ostensório.
     Clara suportou os longos anos de enfermidade com sublime paciência. Em 1253, teve início uma longa e interminável agonia. Durante os últimos 17 dias não conseguiu tomar nenhum alimento. A fé e a devoção do povo aumentavam cada vez mais.
     Diariamente cardeais e prelados chegavam para visitá-la, pois todos tinham certeza de que era uma santa que estava para morrer. O papa Inocêncio IV deu-lhe duas vezes a absolvição com o perdão dos pecados.
     Nos seus últimos momentos, estava presente sua irmã, Irmã Inês, bem como os três companheiros de São Francisco: Frei Leão, Frei Ângelo e Frei Junípero. Estes, emocionados, leram a Paixão de Jesus segundo São João, como tinham feito na morte de São Francisco.
Igreja de Sta Clara em Assis
     Clara consolou e abençoou suas filhas espirituais, e para si disse: "Caminha, pois tens um bom guia. Ó Senhor, eu vos agradeço e bendigo pela graça que Vós me concedestes de poder viver". E foi recebida na corte celeste.
     Um ano antes de sua morte, na noite de Natal, Santa Clara assistira a Santa Missa sem precisar sair de seu leito. Por isto é aclamada como padroeira da televisão. Em 1255, o papa Alexandre IV canonizou-a em Anagni. É a Fundadora do ramo feminino da Ordem dos Frades Menores ou Franciscanos.

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