sábado, 15 de setembro de 2012

Santa Edith de Wilton, Abadessa - 16 de setembro

     Edith de Wilton (também conhecida como Eadgyth, seu nome em inglês antigo, ou como Editha ou Ediva, a forma latina de seu nome) era filha ilegítima do Rei Edgar da Inglaterra, o Pacífico, com Wulfrida, uma dama de nobre nascimento que o rei forçara a sair da Abadia de Wilton. Ele levou-a para Kemsing, próximo de Sevenoaks, onde Edith nasceu em 961. Sob a direção de São Dunstan, Edgar fez penitência por este crime não usando sua coroa por sete anos.
     Assim que Wulfrida pode escapar de Edgar, ela retornou para a Abadia de Wilton, levando consigo a pequena Edith, que foi educada pelas monjas da abadia; sua mãe se tornou posteriormente abadessa. Na época, como parte da abadia, funcionava, em dependências anexas, uma escola para jovens.
     Edith se tornou monja aos quinze anos, com o consentimento de seu pai. Ele ofereceu a ela o tornar-se abadessa de três importantes comunidades, mas ela preferiu permanecer com sua mãe em Wilton. Seu pai faleceu em 975.
     Em 979, Edith sonhou que havia perdido seu olho direito e acreditou que era um aviso sobre a morte de seu meio irmão o Rei Eduardo, o Mártir, que de fato foi assassinado naquela ocasião, quando visitava sua madrasta, a Rainha Elfrida, no Castelo de Corfe, em Dorset.
     Alguns dados indicam que foi oferecida a ela a coroa da Inglaterra pelos nobres que haviam apoiado seu irmão assassinado contra seu jovem meio irmão Etelred, mas ela recusou. Apesar de sua recusa a honras e poder, ela sempre se vestiu com magnificência. Quando censurada por Etelwold de Winchester, ela respondeu que somente o julgamento de Deus era verdadeiro e infalível, Ele que vê através das aparências externas, acrescentando: “Porque o orgulho pode existir sob o manto da miséria, e uma mente pode ser tão pura sob estas vestimentas como sob suas peles esfarrapadas”.
     Ela construiu uma igreja em Wilton dedicada a São Dionísio. São Dunstan foi convidado para a sua dedicação e chorou muito durante a Missa. Quando lhe foi perguntado qual a razão, ele disse que era porque Edith iria morrer dentro de três semanas. Isto ficou provado quando ela faleceu em 15 de setembro de 984, e sugere que Edith sofria de uma doença fatal. Ela foi sepultada em Wilton, na nova igreja de São Dionísio.
     Edith era muito célebre por sua erudição, beleza e santidade, e alguns milagres foram constatados logo após a sua morte. Uma semana depois de sua morte, Edith apareceu gloriosa para sua mãe e disse-lhe que o demônio tentara acusá-la, mas que ela quebrara sua cabeça.
     Goscelin, monge beneditino que nos transmitiu a biografia de Santa Edith, relata que treze anos depois ela apareceu em visões a São Dunstan e outros, para contar-lhes que o seu corpo estava incorrupto no sepulcro. Ele conta que quando São Dunstan abriu o túmulo, na presença de sua mãe, seu corpo “exalava perfumes do Paraiso”. Entretanto, a data do evento é duvidosa, pois São Dunstan morreu somente quatro anos após Edith. Foi sugerido que Goscelin escolheu escrever a história de Edith associando São Dunstan à transladação de seus despojos.
     Após a exumação e o novo sepultamento, o túmulo de Edith tornou-se um importante relicário. Ela foi canonizada por iniciativa de seu irmão Etelred, e sua causa foi também apoiada por seu sobrinho Edmundo. Canuto, o Grande, era conhecido por sua devoção a ela. Goscelin relata que em uma ocasião, ao atravessar o Mar do Norte da Inglaterra para a Dinamarca com sua frota, Canuto foi surpreendido por uma terrível tempestade, e, temendo por sua vida, apelou para Edith. A tempestade acalmou e ao retornar para a Inglaterra Canuto visitou Wilton para agradecer seu salvamento “com presentes, e publicando este grande milagre com várias testemunhas”, encomendando um relicário de ouro para a Santa.
     Santa Edith tornou-se centro de culto em Wilton e também um importante santuário nacional. Goscelin escreveu sua vida sob o título de Vita Edithe em 1080. A comunidade de Wilton tomou-a como sua patrona, lembrando-se dela como uma nobre dama que se dedicou à sua proteção. Em seu livro Liber Confortatorius, Goscelin escreveu que frequentemente ele pensava em Edith e sentia sua presença.
     Tem-se a certeza da existência de três igrejas dedicadas a Santa Edith: uma em Baverstock, próximo de Wilton, outra em Bishop Wilton, Yorkshire, e a terceira em Limpley Stoke, Wiltshite.
     O selo de Edith sobrevive. Datado do período 975-984, ele contém um retrato dela de pé, com uma das mãos elevada e a outra segurando um livro. A inscrição a identifica como regalis adelpha, ou “irmã real”, uma referência ao seu status de monja e de irmã dos reis Eduardo e Etelred.
     Sua festa é celebrada no dia 16 de setembro.
 
Fontes: Goscelin, Life of St Edith (of Wilton), ed. Stephanie Hollis, Writing the Wilton Women: Goscelin’s Legend of Edith and Liber Confortatorius (Medieval Women Texts and Contexts 9; Turnhout: Brepols, 2004) O. S. B., St Editha of Wilton (Catholic Truth Society, 1903, 6th edition, 24 pp.)
 
Abadia de Wilton
     Foi fundada pelo Rei Egberto cerca de 870. Em 1003 o Rei da Dinamarca destruiu a cidade de Wilton, mas não se sabe se a abadia teve o mesmo fim. Edith de Wessex, esposa de Eduardo o Confessor, que fora educada em Wilton, reconstruiu a abadia em pedra, pois ela era anteriormente de madeira. A Abadia de Wilton possuía a baronia dada pelo rei, um privilégio somente concedido a outros três conventos de monjas: Shaftesbury, Barking e Santa Maria de Winchester. A última abadessa, Cecília Bodenham, teve que entregar o convento para os emissários do rei Henrique VIII, em 25 de março de 1539, durante a Dissolução dos Mosteiros. O local foi concedido a William Herbert, depois conde de Pembroke, que iniciou a construção de Wilton House, que ainda hoje pertence aos seus descendentes. Não há ruinas das edificações antigas.
Wilton House, Inglaterra
 

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