quinta-feira, 21 de novembro de 2013

Beata Francisca Siedliska, Fundadora - 21 de novembro

    


     Ao ler a biografia da Beata Maria de Jesus Bom Pastor, Francisca Siedliska, ficamos maravilhados com o grande número de quilômetros percorridos em muitas viagens por toda a Europa e os EUA, que ocuparam a maior parte de sua vida religiosa, e utilizando os meios de transporte não certamente rápidos e confortáveis do final do século XIX.
     Francisca Siedliska nasceu no castelo de Roszkowa Wala, perto de Varsóvia, na Polônia, no dia 12 de novembro de 1842, a filha mais velha do casal Adolfo Siedliska e Cecilia Morawska, descendentes da antiga nobreza polonesa. A parte da Polônia onde viviam estava então sob a proteção do czar da Rússia, e 20 anos mais tarde, em 1863, foi incorporada ao império do czar.
     Ela cresceu com o carinho de seus pais, mais preocupados com sua saúde e com sua formação cultural, do que dar-lhe uma educação religiosa. Em um ambiente embebido de indiferença religiosa, própria da filosofia daquele tempo, Francisca começou a conhecer a Deus através de uma governanta muito boa e culta, que também a ensinou a rezar, mas a morte repentina desta governanta privou-a de seu apoio espiritual.
     Em seguida, uma parenta materna a preparou para a Primeira Confissão e em seguida sua mãe ficou muito doente e angustiada Francisca teve forças para pedir à Virgem pela sua recuperação, o que ocorreu logo em seguida.
     Neste período, quando Francisca acompanhava a mãe hospedada em Varsóvia na casa de seu avô, encontrou, em novembro de 1854, o capuchinho Padre Leandro Lendzian, de origem lituana, e entre os dois se iniciou uma união espiritual que ela considerou o "momento da minha conversão: eu fui conduzida ao padre como uma pagã, vazia de Deus e do Seu amor, voltei iluminada no amor”.
     Então, com as etapas da Primeira Comunhão feita em 1º de maio de 1855, da Quaresma de 1860 vivida por ela com profundo espírito ascético, do dramático confronto com seu pai que queria casá-la e colocá-la na alta sociedade, Francisca tomou cada vez mais consciência da vocação religiosa que gradualmente amadurecia nela.
     Em 1860, ela acompanhou seus pais que tiveram de viajar para a Suíça, Tirol, Alemanha e França, mas sua saúde, talvez devido a fadiga da viagem, começou a declinar, de modo a temer uma tuberculose, mal que assolava a época.
     No outono de 1860, a mãe a acompanhou para tratamento em Merano, em seguida na Suíça e, finalmente, em Cannes, na França, onde, em 1868, seu pai também se juntou a elas para fugir da insurreição polonesa; a reunião da família com o ressurrecionista Hube levou à conversão o pai, Adolfo.
     Seguiu-se um período de paz para a família que continuou mesmo depois de seu retorno à Polônia, em 1865, e até a morte do pai em 1870.
     Sempre com a orientação espiritual do Padre Leandro Lendzian, Francisca cultivava sua aspiração de se dedicar inteiramente a Deus, dificultada porém pelos problemas de saúde. Em 12 de abril de 1873, tinha 31 anos, o Padre Leandro lhe disse claramente que era a vontade de Deus que ela começasse a fundação de uma nova família religiosa.
     Embora surpresa com o pedido, não ofereceu resistência e começou o trabalho; juntaram-se a ela, em primeiro lugar a mãe, influenciada há tempos pela espiritualidade da filha, e duas terciárias franciscanas idosas que pertenciam a uma comunidade extinta de Lublin.
     A nova comunidade deveria ser dedicada à adoração do Santíssimo Sacramento, à imitação da vida da Virgem Maria em Nazaré, à educação catequética das crianças; por causa da oposição do Governo russo, não se podia abrir na Polônia a Casa Mãe, então Francisca Siedliska partiu para Roma para apresentar o programa da nova Congregação ao Papa Pio IX.
     Em 1º de outubro de 1873, ela foi recebida pelo Papa, que aprovou a idéia da fundação das "Irmãs da Sagrada Família de Nazaré"; de volta à Polônia, procurou escolher um lugar onde se estabelecer: foi para a França, para Lourdes, mas depois decidiu fundar sua Nazaré em Roma, e em 1874 para lá voltou, e teve como assessor o Geral dos Ressurrecionistas, Padre Semenko.
     Ela comprou uma pequena casa na Rua Merulana, onde se estabeleceu; depois a Casa Mãe foi finalmente fixada na Rua Maquiavel.
     O ideal ascético da fundação amadureceu em Loreto, em 1875, isto é, imitar a vida oculta e todas as virtudes da Sagrada Família de Nazaré; o período 1873-1876 foi chamado de "a primavera da Congregação", no primeiro domingo do Advento de 1875 teve lugar a fundação do novo Instituto com as primeiras noviças chegadas da Polônia, as três irmãs Wanda, Laura e Felicidade Lubowidzki.
     Em 1881, ela fundou uma nova casa em Cracóvia, na Polônia; em 1º de maio de 1884, a fundadora e as primeiras companheiras fizeram a profissão religiosa e nesta ocasião Francisca adotou o nome de Irmã Maria de Jesus Bom Pastor.
     Querendo alargar o âmbito da Congregação para as famílias emigrantes poloneses nos Estados Unidos, em 1885, 1889 e 1896, foi para lá, abrindo três casas em Chicago e espalhando as irmãs por toda parte; em 1892, ela estava em Paris, onde abriu uma casa; em 1895 fez o mesmo em Londres.
     Enquanto isso preparava as Constituições, nas quais a Congregação declarava que seu principal objetivo era levar as almas para a verdade fazendo-as conhecer e amar a Igreja de Jesus, por meio das seguintes obras: instrução religiosa dos catecúmenos judeus, protestantes e cismáticos, retiros espirituais para as senhoras, ensino da doutrina cristã e da história da Igreja para os jovens, preparação das crianças para a Primeira Comunhão.
     As Constituições remodeladas e expandidas foram definitivamente aprovadas pela Santa Sé em 1923, mais de 20 anos após a morte da fundadora.
     Madre Maria de Jesus Bom Pastor continuou seu trabalho amoroso junto às irmãs, especialmente aquelas doentes de quem cuidava e servia pessoalmente; para consolar, encorajar e aconselhar as religiosas, realizou outras viagens para a Inglaterra, França, Polônia.
     Mas seu organismo começou a dar sinais de fadiga, resultado das viagens, das preocupações e das várias doenças; ela aceitou o conselho dos médicos e foi passar um período de descanso junto às beneditinas de Subiaco, retornando a Roma em 16 de outubro de 1902.
     Em 15 de novembro foi atingida por peritonite aguda e no dia 21 de novembro de 1902 faleceu santamente em meio ao pesar de suas filhas: tinha 60 anos.
     Seu túmulo está localizado na Capela da Casa Geral das Irmãs da Sagrada Família de Nazaré, em Roma.
     Madre Maria de Jesus Bom Pastor Siedliska foi beatificada em Roma, em 23 de abril de 1989, pelo Papa João Paulo II; a sua festa litúrgica é 21 de novembro.
 

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