sexta-feira, 16 de maio de 2014

Maria Gaetana Agnesi, Matemática - 16 de maio


Ilustre pela Ciência e sublime pela Virtude
    
     Maria Gaetana Agnesi nasceu em Milão no dia 16 de maio de 1718, em uma família rica e culta. Seu pai, Pietro Agnesi, professor de matemática da Universidade de Bolonha, teve vinte e três filhos com suas três esposas, sendo Maria a primogênita. Pietro tinha condições de oferecer a Maria os melhores tutores para que ela pudesse ter uma educação privilegiada. Dessa maneira, proporcionou-lhe uma educação privada primorosa, que lhe possibilitou adquirir conhecimentos profundos em várias áreas, o que não era hábito das damas desse século.
     Aos nove anos de idade, publicou um discurso em latim que defendia um ensino de alta qualidade para as mulheres. Ao contrário do que muitos pensaram, Maria não havia escrito o discurso, mas fizera a tradução para o latim a partir do original escrito por um de seus tutores. Entretanto, Maria fez o discurso em público, sem recorrer à leitura, para uma audiência acadêmica, organizada por seu pai.
     Aos 13 anos, além do italiano e do latim, sabia cinco outras línguas: grego, hebreu, francês, espanhol e alemão e, por isso, a chamavam de: O Oráculo das Sete Línguas. Quando tinha 15 anos, o pai a introduziu num círculo de intelectuais, onde todos se admiravam com a sua genialidade na área da Matemática, da Física e da Filosofia.
     Em 1738, publicou uma série de estudos filosóficos chamado Propositiones Philosophicae. Essa obra continha 191 teses que Maria defendera publicamente na presença de importantes convidados nacionais e internacionais. Seu pai os convidava e ela, apesar de não apreciar muito falar em público, obedecia.
     Certo dia, Maria confessou ao pai seu desejo de tornar-se freira, mas ele, desejoso da companhia da filha, implorou-lhe que mudasse de ideia. Maria aceitou apenas sob três condições: ir à Igreja sempre que quisesse, vestir-se de maneira simples e humilde e não precisar frequentar festas, teatros e outras diversões que considerava profanas.
     A partir daí, concentrou seus esforços para estudar Religião e Matemática. Maria tinha que aprender Matemática praticamente sozinha - um feito reservado a pouquíssimas pessoas - mas teve a sorte de Ramiro Rampinelli, professor de matemática da Universidade de Roma e Bolonha, chegar em Milão e se tornar um assíduo frequentador de sua casa. Foi ele quem a ajudou a estudar os textos de Cálculo do matemático Reyneau.
     Através de Rampinelli, Agnesi entrou em contato com o matemático Riccati, que foi de vital importância na revisão da obra que lhe daria grande reconhecimento. Esse trabalho foi publicado em 1748, numa obra em dois volumes, intitulada Istituzioni Analitiche ad uso della Gioventù Italiana com temas de Álgebra, Geometria e Cálculo Infinitesimal. O aparecimento desse livro causou grande sensação ser uma publicação feita por uma senhora e desenvolvida com maestria, envolvendo questões matemáticas consideradas profundas e difíceis.
     Tamanho foi o sucesso dessa obra que a Academia de Ciências de Paris publicou um relatório onde dizia: "... Muita habilidade, como a autora demonstrou ter, foi necessária para reduzir e quase uniformizar os métodos que estas descobertas geraram ao longo dos trabalhos de matemáticos modernos, frequentemente muito diferentes entre si. Ordem, clareza e precisão reinam em todas as partes deste trabalho... Nós o consideramos como o mais completo e melhor tratado já feito".
     A primeira seção de Istituzioni Analitiche trata da análise de quantidades finitas, dos problemas elementares de máximo e mínimo, tangentes e dos pontos de inflexão. A segunda seção discute a análise de quantidades infinitamente pequenas. A terceira seção é sobre o Cálculo Integral e apresenta uma discussão geral do estado do conhecimento. A última seção trata do método inverso das tangentes e das equações diferenciais. No volume 2 é apresentada uma extensa discussão sobre a curva cúbica, conhecida como Curva de Agnesi.
     A contribuição matemática mais importante de Agnesi foi a primeira tradução francesa dos Principia de Newton, publicada postumamente em 1756, com um prefácio de Voltaire e sob a direção de Clairaut.
     Por volta de 1750, Agnesi foi convidada para ocupar a cadeira de Matemática na Universidade de Bolonha, mas sua vida, em seguida, tomaria um rumo completamente diferente.
     Com a morte do pai, movida pelos seus sentimentos religiosos, deixou a docência e recolheu-se em um convento para se dedicar aos que sofriam de doenças graves. Quando a instituição Pio Istituto Trivulzo foi aberta, Maria ficou encarregada de sua direção. Esse Instituto era uma casa para doentes e enfermos, aos quais ela se dedicou inteiramente, doando toda a sua fortuna e trabalhando ali até a sua morte.
     Maria era uma pessoa delicada e muito tímida. Nunca teve ambição de se tornar uma matemática famosa a despeito de seu gênio brilhante. Alguns dizem que ela apenas se interessou por matemática para agradar ao pai.
     Não obstante, a sua inteligência e o seu talento tornaram possível integrar todo o conhecimento de mais alto nível sobre Cálculo da época de uma maneira muito clara. Maria Agnesi é reconhecida como a primeira mulher matemática a ter produzido textos de alta qualidade científica.
     Morreu em janeiro de 1799, com 81 anos de idade, no seu hospital. Pode dizer-se que foi ilustre pela Ciência e sublime pela Virtude.

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