quarta-feira, 23 de julho de 2014

Santa Cristina, a Admirável - 24 de julho


Martirológio Romano: Em Sint-Truiden, no Brabante, moderna Bélgica, Beata Cristina, virgem, dita a Admirável, porque nela, na mortificação do corpo e nos êxtases místicos, o Senhor operou maravilhas.
     Nascida de família aldeã, em Brusthem, na diocese de Liège, cerca do ano de 1150, Cristina ficou órfã aos quinze anos; vivia com duas irmãs mais velhas e ocupava-se em guardar os rebanhos nos campos.
     Os fatos que a seu respeito narram o dominicano Tomás de Cantimpré (+ 1270) e o Cardeal Tiago de Vitry não merecem grande crédito, mas compõem a sua legenda.
     Tomás de Cantimpré, antigo professor de Teologia em Lovaina, afirma narrar o que ouviu da boca dos que a conheceram, mas mostra-se demasiado crédulo. Quanto a Tiago de Vitry, trata-se de cronista sério que afirma ter conhecido Cristina pessoalmente.
     “Deus operou nela”, escreve ele, “coisas verdadeiramente maravilhosas. Já estava morta há muito tempo, mas conseguiu a graça de retomar o corpo, a fim de sofrer o seu Purgatório cá na terra. Desta forma sujeitou-se a mortificações inauditas, ora rolando-se por cima do fogo, ora permanecendo nos túmulos dos mortos. Acabou por ser favorecida com graças sublimes e gozar duma paz profunda. Muitas vezes, transportada em êxtase, levou as almas dos mortos para o Purgatório e outras vezes tirou-as do Purgatório para as levar para o Paraíso”. (ed. in Acta SS. Iulii, V, Veneza 1748, pp. 650-60).
     Ativados pela contemplação, os ardores da sua alma tornaram-se tão intensos, que o corpo não pôde resistir: ela caiu doente e “morreu” pela primeira vez quando tinha pouco mais de vinte anos. No dia seguinte, levaram os seus despojos à igreja para a cerimônia dos funerais.
     Durante a missa de Réquiem, viram-na de repente mexer-se, levantar-se no esquife e voar, como um pássaro, até à abóbada do templo, tal era o desgosto que lhe causava a presença dos pecadores que assistiam às cerimônias. Os assistentes fugiram espantados, à exceção da irmã mais velha, que ficou imóvel, mas não sem terror, até ao fim da missa. Atendendo à ordem do sacerdote, Cristina desceu ilesa e voltou para casa, onde tomou a refeição com as suas irmãs.
     Contou depois aos amigos, que vieram interrogá-la, que logo depois da sua morte os anjos a tinham sucessivamente transportado ao Inferno, onde encontrara muitas pessoas conhecidas; a seguir ao Purgatório, onde ainda encontrara mais; e por fim ao Paraíso, onde lhe foi dada a escolha de ficar para sempre ali ou de voltar a Terra para, com os seus sofrimentos, trabalhar no resgate das almas do Purgatório, orar e sofrer pelos fiéis defuntos, o que ela aceitara sem hesitação.
     A sua existência transcorreu no meio de milagres e fenômenos misteriosos. O odor do pecado repugnava-lhe de tal forma, que só depois de algum tempo conseguia suportar o contato com os seus semelhantes. Envergonhados das suas aparentes extravagâncias, que o público atribuía a uma legião de demônios, suas próprias irmãs e amigos a perseguiam.
     Cristina retirou-se primeiro no castelo de Looz, depois em Saint-Troud, onde faleceu cerca do ano de 1224, no Convento de Santa Catarina, cuja superiora declarou ter sido Cristina sempre duma submissão perfeita.
     Suas relíquias, conservadas em Nonnemielen, se encontram atualmente na igreja dos Redentoristas de Saint-Troud.
 
Fonte: www.portalcatolico.org.br; Santos de cada dia, Pe. José Leite, S.J. 3a. ed. Editorial A.O. – Braga.
 
Etimologia: Cristina, do latim Christinus, diminutivo derivado de Christus, do grego Christó: “o ungido, consagrado”, derivado do verbo chrio: “ungir”.

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