quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Santa Ricarda, Imperatriz - 18 de setembro


Santa Ricarda, filha de Erchanger, Conde da Alsácia, se casou em 862 com Carlos, bisneto de Carlos Magno, que era então rei dos francos da Renânia, e logo se converteu em imperador do Ocidente, rei da Alemanha e França e protetor titular do Papado.
Como princesa Ricarda tornou-se grande benfeitora de vários mosteiros na Alemanha, Suíça e Itália; por volta de 880 fundou em suas propriedades a Abadia de Andlau, no Baixo Reno.
Em 881, junto com seu marido, foi a Roma onde o Papa João VIII lhes deu a coroa imperial; Ricarda na ocasião colocou a nova abadia sob a proteção pontifícia.
O novo imperador do Sacro Império Romano adotou o nome de Carlos, o Gordo, sucedendo seu pai e dois irmãos, e veio governar uma área quase igual à de Carlos Magno, mas não com as mesmas capacidades de governo. Ele não conseguiu reduzir de forma eficaz as incursões dos normandos e foi combatido pelos senhores feudais. Além disso, abandonou o Papa João VIII, que pedia o seu auxilio a partir do Palácio de Latrão, aonde finalmente foi assassinado. Na Dieta de Tribur, de 887, Carlos foi deposto e se mudou para a Suábia, no Danúbio, onde morreu depois de alguns meses.
A Imperatriz Ricarda angustiada com o acidente e a morte de seu marido foi injustamente acusada de adultério com o chanceler-bispo, acusações falsas que logo provaram ser infundadas: a rainha se defendeu e, segundo a legenda, foi submetida à prova do fogo (*), na qual Deus demostrou com um patente milagre sua inocência.
Ricarda decidiu retirar-se para a Abadia de Andlau fundada por ela e dirigida pela Abadessa Rotruda sua sobrinha. Ela viveu seus últimos anos em oração e obras de caridade, e morreu no dia 18 de setembro de 894.
Como, segundo a legenda, para provar sua inocência ela teria passado pela prova de fogo, ela é invocada como protetora contra incêndio.
Seu corpo foi sepultado na própria abadia até 1049, quando o Papa Leão IX foi venerar suas relíquias e a elevou à honra dos altares, transferindo-a para a igreja da abadia consagrada por ele próprio. Em 1350 um monumento foi erguido no túmulo, que ainda é um lugar de peregrinação.
 
(*) Prova do fogo, ou ordálio(a) é um tipo de prova judiciária usada para determinar a culpa ou a inocência do acusado por meio da participação de elementos da natureza e cujo resultado é interpretado como um juízo divino. Também é conhecido como juízo de Deus (judicium Dei, em latim).
     A Igreja Católica, por meio dos papas, condenou sucessivamente o ordálio, por exemplo, Estêvão VI em 887/888, Alexandre II em 1063, e por Inocêncio III no IV Concílio de Latrão, em 1215, proibindo que o clero cooperasse com os julgamentos pelo fogo e pela água, substituindo-os por um misto de juramento e testemunho.
     A versão mais antiga do ordálio é citada na Bíblia, na lei chamada de águas da amargura, no livro de Números, onde a mulher suspeita de adultério deveria beber uma água possivelmente contaminada, e se ela fosse adúltera morreria, porém, se fosse fiel, sobreviveria e teria filhos.
     A origem da palavra ordálio é do latim ordalium ou, de acordo com Verstegan, do saxão, ordal e ordel, que, segundo Hicks, vem de Dael, julgamento, com o sentido de grande julgamento. Outros derivam do franco ou teutônio Urdela, que significa julgar.
 
Etimologia: O nome Ricarda/Ricardo deriva do provençal Richart, tomado por sua vez a partir do alemão rich (senhor) e hard (forte). Outros: “forte pelo poder”.

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