sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Beata Madre Assunta Marchetti



Cofundadora da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo - Scalabrinianas
       No dia 25 de outubro de 2014, durante cerimônia presidida pelo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos, Cardeal Ângelo Amato, na Catedral Metropolitana de São Paulo, Madre Assunta Marchetti será beatificada. Diversos grupos de peregrinos de diferentes lugares do Brasil participarão da cerimônia.
     Maria Assunta Caterina Marchetti nasceu em Lombrici di Camaiore, província de Lucca, na região da Toscana, Itália, em 15 de agosto de 1871, e foi batizada no dia seguinte na paróquia Santa Maria Assunta, que ficava ao lado da casa da família.
     De acordo com os documentos históricos, os pais Ângelo Marchetti e Carolina Ghilarducci eram moleiros. O trabalho da moagem garantia o sustento da família como também a moradia. Os pais sempre contaram com a ajuda de Assunta para cuidar dos outros 10 irmãos, pois sua mãe tinha saúde frágil.
     Desde jovem Maria Assunta anelava por uma vida de total dedicação e doação a Deus na religiosa contemplativa. Mas as tarefas domésticas, a doença da mãe e a morte prematura do pai impediram-na de realizar imediatamente suas aspirações.
     No final do século XIX os italianos deixavam a Itália e rumavam para as Américas, especialmente para o Brasil. O irmão de Maria Assunta, José Marchetti, ingressou no Seminário de Lucca e se ordenou sacerdote em 1892. Tornou-se pároco em Compignano, diocese de Lucca, e via a maioria dos paroquianos deixarem a Itália em busca de sobrevivência. Então, de sacerdote diocesano passou a ser missionário de São Carlos Borromeu, congregação fundada em 1887 pelo Bispo de Piacenza, o Beato João Batista Scalabrini que, compadecido dos imigrantes italianos, organizou um grupo de missionários para acompanhar os imigrantes nas suas viagens nada fáceis.
     O Padre José passou a ser missionário de bordo e durante as viagens da Itália para o Brasil atendia os imigrantes ministrando os Sacramentos necessários, inclusive as exéquias para os que morriam e eram lançados ao mar.
     Em uma dessas viagens uma jovem mãe morreu a bordo do navio deixando órfã uma filha pequena e o marido desesperado. O pai deixou aos seus cuidados o bebê que ele assumiu a responsabilidade de cuidar. Ao desembarcar no Brasil, o padre imediatamente providenciou um orfanato onde colocou a criança. A partir deste fato, ele entendeu que sua missão não era a de ser missionário de bordo, mas de cuidar dos órfãos filhos de imigrantes italianos e africanos que viviam na cidade de São Paulo.
     Em 1895, o Padre José construiu dois orfanatos em São Paulo, um no alto do Ipiranga e outro na Vila Prudente. Com tantos órfãos para cuidar, voltou à Itália e convenceu Maria Assunta a vir com ele para ajudar no cuidado das crianças. Junto com a mãe e duas jovens, Maria Assunta foi apresentada a D. Scalabrini.
     Em 25 de outubro de 1895, Maria Assunta, seu irmão e suas duas amigas emitiram os primeiros votos religiosos nas mãos do Beato João Batista Scalabrini, fundador da Congregação das Irmãs Missionárias de São Carlos Borromeo - Scalabrinianas, constituindo as "Servas dos Órfãos e Abandonados".
     Em 27 de outubro, partiram para o Brasil como missionários para os imigrantes e nunca mais retornaram à Itália, fazendo de sua pátria o Brasil. Padre José Marchetti morreu aos 27 anos, vítima da febre tifoide, muito comum entre os imigrantes naquele período.
O trabalho missionário em São Paulo
      Madre Assunta não só iria enfrentar o mundo, como também deveria socorrer as pessoas em um ambiente hostil, pois na época São Paulo era marcada por outras religiões como a maçonaria, por exemplo.
      Ao chegarem a São Paulo dedicaram-se ao cuidado dos órfãos e dos imigrantes italianos afetados pela cólera tifoide e pela difteria. O orfanato tinha como objetivo ser um ambiente familiar para os pequenos que haviam perdido os pais nos trajetos da imigração e no trabalho nas fazendas de café. Eram órfãos italianos, africanos, todos eram bem acolhidos. Assunta se dedicou ao próximo com heroísmo e não media esforços quando se tratava de atender ao mais necessitado.
     O primeiro doente da Santa Casa de Monte Alto - SP foi um homem negro, mendigo. Madre Assunta se compadeceu dele porque estava sozinho na enfermaria, enquanto não havia ainda enfermeiros. Colocou uma cama no fundo do corredor, do lado oposto do doente e dormiu ali algumas noites para poder atendê-lo logo que chamasse. Via Cristo no irmão pobre, sofrido ou doente”, contou Irmã Afonsina Salvador que conviveu com Madre Assunta. “Tudo o que acontece é bom, porque vem de Deus”, sempre dizia Assunta, como que fazendo ecoar o mesmo pensamento de seu irmão José, que em todos os acontecimentos dizia: Deo gratias!
     Uma ferida grave na perna, provocada durante a visita a um doente, causou-lhe longos anos de sofrimento. Madre Assunta passou os últimos meses de sua vida em uma cadeira de rodas, mas sempre atenta em servir o próximo. Morreu em 1º de julho de 1948, em meio aos órfãos, no orfanato da Vila Prudente - SP, hoje, “Casa Madre Assunta Marchetti”, onde se encontram seus restos mortais.

Madre Assunta com suas pequenas órfãs em SP
 

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