segunda-feira, 15 de junho de 2015

Remédio para a dureza moral contemporânea


     Mães em cujas entranhas decresce de intensidade o amor pelos filhos; maridos que atiram à desgraça um lar inteiro, com o único ato de satisfazer seus próprios instintos e paixões; filhos que, indiferentes à miséria ou ao abandono moral em que deixam seus pais, voltam todas as suas vistas para a fruição dos prazeres desta vida; profissionais que enriquecem às custas do próximo, mostram muitas vezes uma crueldade fria e calculada, que causa muito mais horror do que os extremos de furor a que a guerra pode arrastar os combatentes.
     Realmente, se bem que na guerra os atos de crueldade se possam mais facilmente aquilatar, os que os praticam têm, se não a desculpa, ao menos a atenuante de que são impelidos pela violência do combate. Mas aquilo que se trama e se realiza na tranquilidade da vida quotidiana não pode muitas vezes beneficiar-se de igual atenuante. E isto sobretudo quando não se trata de ações isoladas, mas de hábitos inveterados, que multiplicam indefinidamente as más ações.
     A guerra, tal qual ela é hoje feita, é um índice de crueldade, mas está longe de ser a única manifestação da dureza moral contemporânea.
     Quem diz crueldade diz egoísmo. O homem só prejudica seu próximo por egoísmo, por desejar beneficiar-se de vantagens a que não tem direito. Assim, pois, o último meio de extirpar a crueldade consiste em extirpar o egoísmo.
     Ora, a Teologia nos ensina que o homem só pode ser capaz de verdadeira e completa abnegação de si mesmo, quando seu amor ao próximo é baseado no amor de Deus. Fora de Deus, não há para os afetos humanos estabilidade nem plenitude. Ou o homem ama a Deus a ponto de se esquecer de si mesmo — e neste caso ele saberá realmente amar o próximo —, ou se ama a ponto de se esquecer de Deus, e, neste caso, o egoísmo tende a dominá-lo completamente.
     “Ad Jesum per Mariam”. Por Maria é que se vai a Jesus. Escrevendo na festa do Sagrado Coração Jesus, como não dizer uma palavra de comoção filial ante esse Coração Imaculado [de Maria] que, melhor do que qualquer outro, compreendeu e amou o Divino Redentor?
     Que Nossa Senhora nos obtenha algumas faíscas da imensa devoção que tinha ao Sagrado Coração de Jesus. Que Ela consiga atear em nós um pouco daquele incêndio de amor com que Ela ardeu tão intensamente, são nossos votos dentro desta oitava suave e confortadora.
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Excertos de artigo do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, publicado no “Legionário”, em 22 de junho de 1941.

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