segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Santas Liberada e Faustina de Como, Fundadoras beneditinas - 19 de janeiro

    
     Segundo as notícias mais antigas sobre estas duas santas, constantes do “Liber Notitiae Sanctorum Mediolani” (Livro de notícias sobre os santos de Milão) do século XIII, Liberada e Faustina foram duas irmãs de nobre origem, nascidas em território de Piacenza, em Rocca d’Olgisio, nos primeiros decênios do 5º século. O pai, Giovannato, nobre do Val di Taro, era dono de uma mansão importante ao lado do vale Tidone, que ainda hoje existe.
     As duas irmãs perderam a mãe em jovem idade e foram confiadas a um tutor de nome Marcelo. O pai, não tendo mais filhos, queria que suas filhas encontrassem um casamento digno e nobre. Mas as filhas estavam dispostas a seguir outro tipo de vida, o da contemplação e da oração, ao serviço de Deus. Esses desejos foram contrariados pelo pai e as filhas para realizá-los tiveram de fugir de casa.
     Elas se abrigaram em Como, onde receberam o véu (sinal de sua consagração a Deus) das mãos do Bispo Agripino. Elas adotaram a Regra de São Bento, que naqueles anos começava a se expandir; fundaram um mosteiro dedicado a Santa Margarida, com capela adjacente dedicada a São João Batista, mosteiro que foi vital por mais de um milênio e mais tarde suprimido, em 1810, por ordem de Napoleão, quando ainda havia dez monjas presentes.
     Não há dados precisos sobre as datas das respectivas mortes das irmãs, mas talvez tenham falecido a pouca distância de alguns anos uma da outra, no século VI. No “Comentário do Martirológio Romano” é dito que Santa Liberada era recordada no dia 19 de janeiro, enquanto Santa Faustina o era no dia 16 de janeiro, indicando inclusive algumas igrejas de Milão e seus arredores onde elas eram veneradas.
     As duas irmãs foram enterradas no complexo monástico perto de Como. O primeiro translado ocorreu no tempo do Bispo Guido Grimoldi (1096-1125), porque o local se tornara inseguro devido às contínuas invasões bárbaras; os corpos foram levados para a Catedral de Santa Maria de Como. Em 13 de maio de 1317, quando era bispo Leão de Lambertenghi, foram colocados na Igreja de São Carpóforo. Logo apareceram hagiografias que convenceram Barônio, o hagiógrafo historiador que teve sob sua responsabilidade a execução do primeiro Martirológio Romano, no século XVI, a inserir as duas irmãs no dia 18 de janeiro, junto com uma biografia sumária.
     Em 1618, uma parte das relíquias foi doada à Piacenza, cidade de origem das santas, e atualmente são preservadas na Igreja de Santa Eufêmia. As duas irmãs, Liberada e Faustina, são celebradas como santas virgens no novo Martirológio Romano da Igreja Católica, no dia 19 de janeiro.
Tradição
     A tradição fala de uma intervenção milagrosa de Liberada que salvou uma nobre da região. Ela havia sido condenada por seu marido com o suplício da cruz. Liberada salvou a pobre mulher que estava morrendo, curando-lhe as lesões terríveis. Esta história contada há tempos, fez com que a figura de Vilgefortis, que morreu com o suplício da cruz, tivesse "contaminado" a tradição hagiográfica de Santa Librada, virgem e mártir. A existência de mais santas com o mesmo nome de Liberada, compreensível se pensarmos no grande valor simbólico que o nome "Liberada" carrega com ele, produziu infelizmente ao longo do tempo uma série de prejuízos para as tradições de culto das várias comunidades onde são veneradas.
     A tradição do norte da Itália a quer (como Santa Margarida a qual tinha se dedicado) como protetora das mães, das enfermeiras e dos bebês.
     Em Val Camonica há a legenda que vê as Santas Faustina e Liberada vivendo como penitentes em uma caverna na região em Capo di Ponte. Elas milagrosamente intervieram segurando com as mãos duas pedras que ameaçavam a vila. Ainda hoje, perto da igreja dedicada a elas, podemos ver duas pedras enormes que ostentam a impressão de mãos e ainda são veneradas pela população local.
     Liberada muitas vezes é representada com sua irmã, em hábito beneditino, segurando um lírio símbolo da virgindade; mas a imagem que talvez seja a mais difundida é aquela em que vemos Liberada tendo nos braços dois bebês, como padroeira contra os perigos do parto e a mortalidade infantil.
     Famoso é o ciclo de afrescos sobre a vida de Liberada e de Faustina do século XIV, que originalmente era localizado no Mosteiro de Santa Margarida e agora está preservada no Museu de Como. Nos vários episódios do ciclo as Santas são mostradas quando partem da casa natal enquanto atravessam, com seu tutor, Marcelo, o Rio Pó, a sua chegada a Como, e vários outros episódios não bem preservados.
     Em muitas áreas da Lombardia, do Piemonte e do Val d'Aosta são preservadas imagens de Santa Liberada, que datam do século XV, em que ela é retratada segurando duas crianças nos braços. Nessas imagens as duas crianças aparecem com a auréola sobre a cabeça e em alguns casos (por exemplo, no afresco do Castelo de Montalto Dora) são legíveis as inscrições que identificam as duas crianças como os Santos Gervário e Protásio, os irmãos gêmeos filhos São Vital e Santa Valéria. Podemos, portanto, pensar em uma sobreposição do culto de Santa Liberada e de Santa Valéria, que é invocada para proteger contra os perigos do parto e da mortalidade infantil.
 
Etimologia: Liberada, do latim Liberatus: “libertada, liberta”.
Faustina, do latim Faustinus, diminutivo de Faustus: “faustoso, feliz, venturoso, ditoso”.

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