terça-feira, 9 de agosto de 2016

Agnès de La Barre de Nanteuil - 13 de agosto


Agnes de Nanteuil, nascida em 17de setembro de 1922 em Neuilly-sur-Seine e falecida em 13 de agosto de 1944 em Paray-le-Monial é uma católica da Resistência Francesa. Christophe Carichon (*) nos retrata uma bela personalidade onde a influência, a paz e a abnegação, resultantes de sua Fé, impressionaram aqueles que a conheceram e em especial as mulheres que participaram de seus últimos momentos em um dos últimos vagões a caminho dos campos de extermínio.
   
     A geração espontânea não existe! Agnès é herdeira de dois grandes nomes franceses dos quais recebeu como legado a tradição de servir a Deus, a Igreja, a França e ao próximo. Do lado do pai, uma antiga família, os La Barre de Nanteuil, ancorada no Vexin normando há muitos séculos. Leais ao trono e ao altar, derramaram seu sangue em todos os campos de batalha da monarquia de dois impérios, da Restauração e da Terceira República: Wagram, Smolensk, Espanha, Crimeia, Paris, Tonkin, China. Um tio-avô de Agnès morreu aos 20 anos nas fileiras das tropas do general Lamoricière em Castelfidardo (1860) em defesa dos interesses papais contra os piemonteses. Do lado materno, uma grande família parisiense: os Cochin. Entre eles estão muitos vereadores e deputados, o mais famoso deles, Denys Cochin, acadêmico, membro do Parlamento e Ministro durante a 1ª Guerra Mundial. Seu filho, primo de Agnès, é o grande historiador da Revolução Francesa Augustin Cochin, que morreu pela França em 1916.
     Agnes nasceu em 1922 em uma família cristã muito amorosa. Seus pais, Gabriel e Sabina de Nanteuil, tiveram seis filhos, sendo Agnès a mais velha. Os primeiros anos de sua infância ela os passou na "bela Paris" e nas propriedades da família na Normandia e no Norte. Quando pequena, ela estava longe de ser uma santa! Seu primo Raul de Vitton escreveu: "Agnès é uma pequena bola de nervos. Ela cresceu rápido, andou muito cedo. Ela é de uma atividade extrema, viva, muito engenhosa, alegre, independente e desobediente. Ela também sabe a que se apegar, mas é assim: é pegar ou largar. À sua mãe, que disse a ela quando ela tinha três anos de idade, ‘você é má a tal ponto, que eu não vou ser capaz de mantê-la: vou dar você de presente a outra senhora’, Agnès respondeu com uma ousadia cândida, sem se desmontar: ‘mas a outra senhora também não vai me querer...’"
     Viva, sorridente, bonita, a pequena Agnès, loira de olhos azuis profundos, já não deixa ninguém indiferente. Ela poderia muito bem ter se tornado insuportável, mas foi após um retiro espiritual, na idade de 14 anos e meio, que ela mudou seu coração, se converteu no primeiro sentido do termo. Ela escolheu um lema que orientaria toda a sua vida: "Tudo para os outros, nada para mim". A partir desse momento, apesar das dificuldades, quedas, desânimos, Agnès se apega a sua promessa de ser melhor para se tornar uma "mulher de caráter". Ela escreveu em seu diário: "Estou resolvida, com a ajuda do Bom Deus, a me assemelhar a uma criança radiante das graças de Deus, alegre, amável, sorridente, honesta, trabalhadora. Eis o que eu desejaria ser, o que eu quero e o que eu espero".
     Ela se doa aos outros: escoteira, catequista. E ela precisa de coragem: em 1937, após reveses de fortuna, os Nanteuil vendem o castelo de seu casamento e se exilam na Bretanha, em Vannes, que não era um “resort chique" de hoje, era profundamente rural. As avenidas parisienses foram substituídas pelas estradas poeirentas; as mansões pelas casas de campo. Agnès escreveu em seu diário: "Um trimestre passou! Como o tempo voa! Eu sou como uma frágil árvore transplantada que ainda não conhece a dureza do clima e a violência dos ventos (29 de dezembro de 1937)", e ainda "Eu me sinto triste com frequência: ter deixado tudo, amizades, cursos, distrações... mas me restam os dois entes mais queridos: o Bom Deus e meus pais, meus irmãos e irmãs (5 de fevereiro de 1938)".
     Após o desastre de 1940, os Nanteuil escolheram rapidamente o campo da resistência aos ocupantes. Sabina de Nanteuil (viúva desde 1942) entra na rede Liberação-Norte. Apesar dos enormes riscos, a Viscondessa de Nanteuil hospeda em sua casa os jovens refratários ao serviço compulsório (STO) e os prisioneiros fugitivos. Em 1943, ela monta uma estrutura para abrigar aviadores britânicos abatidos e ajudá-los a fazer o seu caminho para a liberdade. Com a ajuda dela e de Agnès, cerca de trinta aviadores aliados chegaram com segurança à Espanha. Agnès também ajudou a obter documentos falsos para os franceses que se esquivavam do STO (Força de Trabalho Obrigatório).



(continua no próximo post)

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