terça-feira, 4 de outubro de 2016

Santas Fé e Alberta, Virgens e mártires - 6 de outubro

Martirológio Romano: Em Agen na Aquitânia, hoje França, Santa Fé, mártir.

     Venerada na Idade Média, na França e em outros lugares, infelizmente esta Santa é conhecida apenas por documentos lendários. O Martirológio Geronimiano a recorda no dia 6 de outubro, mas não indica quando a santa morreu. O autor desconhecido do original da passio, hoje perdida, contudo era conhecida por Floro; este a inseriu no seu martirológio. A passio afirma que Fé morreu durante a perseguição de Diocleciano e Aronis precisa o ano: 303. Seu martírio deve ter ocorrido em uma das perseguições do século III.
     A vida de Santa Fé é relatada em um poema do século XII, a Canção de Santa Fé. A pequena Fé, nascida em uma rica família de Agen, foi convertida ao catolicismo pelo bispo São Caprasio. Tinha 12 anos quando eclodiu a perseguição de Diocleciano. O prefeito Daciano mandou prendê-la e não conseguindo convencê-la a sacrificar aos ídolos, fez com que ela fosse colocada sobre uma chapa de ferro em brasa. Uma tempestade providencial apagou o fogo, e finalmente a pequena Fé foi decapitada.
     Muitos milagres ocorreram junto ao túmulo da santa, o que a tornou muito conhecida. A ela é atribuído o fato de ter livrado prisioneiros.
    No século V o bispo Dulcídio construiu em Agen uma basílica, restaurada no século XIII e ampliada no século XV; foi demolida em 1892 para atender as necessidades urbanísticas.
     Mas, ao contrário de todos os costumes, o centro de irradiação do culto a Santa Fé não foi a basílica ad corpus, mas a igreja de Conques-en-Rouergue, para onde, no século IX, foram transladadas algumas de suas relíquias. Além da igreja, havia também um mosteiro que se tornou famoso devido sua localização. Estando na rota medieval dos peregrinos de São Tiago de Compostela, estes paravam ali para venerar a santa; paravam também os cavaleiros cristãos que iam para o mesmo Santuário de Compostela antes de enfrentar os mouros invasores na Espanha.
     O culto de Santa Fé espalhou-se assim por toda a Europa e depois para a América, onde muitas cidades e igrejas foram dedicadas a ela. Entre as mais importantes são dignas de nota a Abadia de Conches na Normandia e a igreja Sélestat, na Alsácia.
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     De acordo com uma tradição e um culto recente, Alberta seria irmã de Santa Fé e foi decapitada provavelmente no século III. Celebrada em 11 de outubro em Agen desde 1727, ela é comemorada no dia 6 de outubro junto com sua irmã.
     Seus restos mortais são conservados na igreja de São Pedro e São Febade de Venerque, no Alto Garonne. Eles foram encontrados no mesmo relicário de São Febade. O Abade Melet foi o responsável pelo encontro destas relíquias. Ele sabia que a cabeça de São Febade não estava neste relicário pois ela continua em Agen. Ora, ele descobriu ossos de crânio e outros ossos que visivelmente não pertenciam ao bispo de Agen. Após minuciosas buscas em velhos arquivos, o Abade Melet desvendou o segredo: tratava-se dos restos de Santa Alberta; eles estavam reunidos em um mesmo relicário desde o século X. Uma parte das relíquias foi distribuída especialmente à catedral São Caprasio d’Agen.
     Na nova edição do Martirológio Romano de 2003, o nome Santa Alberta virgem e mártir não aparece, embora tivesse sido mencionada em edições anteriores. A autorizada Bibliotheca Sanctorum informa sobre uma Santa Alberta, virgem e mártir de Agen, cidade da França (Lot-et-Garonne), seu culto e a vida está intimamente ligada à de Santa Fé, célebre menina mártir que sofreu muitos tormentos antes de ser morta.
     Acredita-se que Alberta é irmã de Santa Fé e foi decapitada junto com santos Caprasio, bispo, Primo e Feliciano, outros cristãos do lugar. Maior foi o culto da mártir Santa Fé, talvez por causa do significado do seu nome, ou devido sua jovem idade e, sobretudo, porque foi dedicada a ela a igreja de Conques-en-Rouergne. Isto deve ter deixado na sombra a figura da suposta irmã Alberta, provavelmente mais velha do que ela.
     O nome Alberta é principalmente lembrado como o feminino de Santo Alberto Magno, mestre de São Tomás de Aquino, que é festejado em 15 de novembro, mas no uso corrente a versão mais difundida é Albertina.
Relicário de Sta. Fé em Conques

Reunião das duas irmãs
     Após a descoberta das relíquias de Santa Alberta, em 22 de setembro de 1884, o bispo de Rodez doou a Venerque uma relíquia de Santa Fé, “a fim de que as duas irmãs se reúnam novamente”. Estas novas relíquias provêm do relicário de Santa Fé que foi descoberto em Conques. Este evento aconteceu em 21 de outubro de 1884, numa cerimônia solene no lugar chamado Montfrouzi em Venerque, pelo vigário de Agen, o Abade Rumeau. O martírio da santa foi dado como exemplo as jovens como coragem diante da morte. Três bispos e quarenta padres estavam presentes além de uma multidão imensa.

     Santa Alberta é representada no frontispício da Abadia de Santa Fé de Conques.  Ela está ao lado do Cristo Majestoso, à direita, que simboliza o Paraiso. Ela faz parte do cortejo dos eleitos precedidos pela Virgem. Carlos Magno, benfeitor legendário da abadia, também está ali. Santa Alberta está entre São Caprasio, bispo de Agen, e Aronis, o monge que levou de Agen as relíquias de sua irmã, Santa Fé.   

Abadia de Santa Fé de Conques

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